Fábrica de e-metanol será implantada no Complexo Industrial Portuário de Suape. Foto: Suape/Divulgação

A corrida global por combustíveis renováveis abriu uma janela de oportunidade para Pernambuco. Ontem o Portal Movimento Econômico noticiou que o Complexo Industrial Portuário de Suape lançou novo edital de chamamento público para atrair investidores interessados em instalar uma planta de e-metanol — combustível considerado estratégico para a descarbonização da matriz energética. A área ofertada tem 10 hectares e está situada no Cabo de Santo Agostinho, com valor mínimo de arrendamento de R$ 14,6 milhões para dez anos, prorrogáveis por até 70.

O movimento sinaliza que Suape quer consolidar-se como hub de energia verde, com destaque para o e-metanol, produzido a partir da combinação entre hidrogênio verde e CO₂ de origem biogênica. Mas esbarra em um ponto crítico: a garantia de fornecimento contínuo e local de dióxido de carbono renovável. Estimativas apontam que cada planta do tipo pode demandar até 100 mil toneladas de CO₂ biogênico por ano — insumo que, ao menos por ora, não está disponível em volume suficiente na região.

O pioneirismo da European Energy, que já confirmou instalação de uma unidade em Suape em parceria com a Petrobras, reforça o potencial da cadeia. A planta, orçada em R$ 2 bilhões, tem início de obras previsto para outubro e operação estimada para 2028. Inicialmente, o CO₂ será fornecido pelas usinas do Grupo EQM. Mas um projeto industrial escalável requer múltiplos fornecedores e logística robusta.

Especialistas veem com bons olhos a iniciativa, mas alertam que a dependência de fontes distantes pode encarecer a produção e comprometer a competitividade. A biomassa agropecuária e urbana disponível no estado pode ser uma alternativa promissora, mas ainda carece de estrutura para coleta, tratamento e transporte eficiente do insumo.

A demanda crescente por e-combustíveis, somada à recém-sancionada Lei do Combustível do Futuro e à expectativa da regulamentação da captura e armazenamento de carbono, dá sustentação ao investimento. No entanto, é preciso acelerar a formação de uma cadeia de fornecimento regional de CO₂ biogênico para garantir a viabilidade e atratividade de longo prazo do polo.

Arhyze em Suape

No mercado, especula-se no mercado que a iniciativa de Suape visa atender a Arhyze, empresa francesa especializada em energia renovável e produção de hidrogênio, que em junho de 2024 assinou memorando de entendimento com o complexo portuário para desenvolver um projeto industrial. A intenção é produzir hidrogênio verde, amônia verde e e-metanol. A Arhyze prevê investimentos de aproximadamente R$ 2 bilhões em Suape. A primeira fase do projeto terá como foco a produção anual de 100 mil toneladas de e-metanol, com início de operação previsto para 2028.

 

FONTE: MOVIMENTO ECONÔMICO

 

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