Companhia apresentou os resultados de 2024 em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (27/2).
BRASÍLIA e RIO – A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, reforçou nesta quinta (27/2), durante a apresentação de resultados de 2024, que irá aumentar o ritmo de investimentos da companhia, para recuperar atrasos, com foco em entregas de projetos dentro do prazo.
As ações da companhia recuaram após o balanço do ano passado demonstrar um aumento de investimentos acima do projetado pela própria companhia.
A executiva bancou a estratégia: “a Petrobras é uma tremenda geradora de caixa, ninguém pode ter dúvidas disso, o que nós estamos entregando é um caixa grandioso”.
A Petrobras lucrou R$ 36,6 bilhões no ano, uma queda de 70% em razão do prejuízo de R$ 17 bilhões no quarto trimestre.
Atribui perdas da ordem de R$ 34 bilhões a “eventos exclusivos”, que de fato estão fora do controle da companhia: desvalorização do real, do Brent e perdas de margem na venda de diesel (redução do crack spread).
Sem esse efeito, que inclui o pagamento de um acordo tributário de R$ 2,7 bilhões com a União, o lucro no ano seria de R$ 103 bilhões, queda de 20%.
O que chamou a atenção de investidores, contudo, foi a aceleração dos investimentos, que superaram em 15% o projetado para o ano, atingindo US$ 17 bilhões, 31% a mais que 2024. As despesas operacionais subiram de R$ 79 bilhões para R$ 105 bilhões (+34%).
Atrasos em FPSOs novos, mais gastos com obras
A estatal encontra dificuldades para tornar atrativos alguns projetos e amarga atrasos na contratação das plataformas de Sergipe (SEAP 1 e 2) e, na Bacia de Campos, de Barracuda e Caratinga, de Albacora e a P-86, no campo de Marlim.
A diretora de Engenharia, Renata Baruzzi, confirmou o cancelamento da licitação de plataforma para Barracuda e Caratinga. Na nova licitação, tentará o modelo BOT (sigla em inglês para construir, operar e transferir).
“Quando nós refizemos o nosso planejamento estratégico, já incorporamos esses insucessos [na licitações]. A gente está com o P-86 na rua [concorrência aberta], Albacora Leste, estamos aguardando a autorização do parceiro”, explicou a executiva.
Para Sergipe, a concorrência prevê que o vencedor da primeira plataforma possa oferecer também a segunda. “Se tudo der certo, a gente recupera o atraso”, afirmou Magda Chambriard.
Por dificuldades no financiamento, a Petrobras também optou pelo modelo BOT em SEAP 1 e 2. A estatal vem tentando contratar as duas unidades há três anos, sem sucesso.
Por outro lado, segundo a Petrobras, foram antecipadas despesas que seriam feitas em 2025, especialmente na construção de plataformas de Búzios – uma forma de acelerar o cronograma dos projetos, segundo a empresa.
A chegada ao Brasil do FPSO Almirante Tamandaré foi antecipada para 2024. A unidade iniciou a produção no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, este mês.
Outro projeto antecipado foi o FPSO Maria Quitéria, do campo de Jubarte, no pré-sal da Bacia de Campos. O início da operação estava previsto para 2025, mas ocorreu em outubro de 2024.
Chambriard também atribuiu à greve de servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) parte do impacto negativo da companhia.
A paralisação da categoria, em meados de 2024, durou quase três meses e travou o licenciamento ambiental. À época, servidores de agências reguladoras, incluindo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) também estavam em operação padrão, utilizando o prazo máximo para a conclusão de processos administrativos.
A estimativa da presidente é que a greve tenha impactado numa redução de 208 mil barris por dia. Associado a isso, no ano passado também houve manutenções nas plataformas que resultaram em paradas programadas, impactando a produção.
Indefinição na Foz do Amazonas
Matérias do Globo e da Folha de S. Paulo, publicadas nesta quinta (27/2), afirmam que áreas técnicas do Ibama já elaboraram um novo parecer contrário, mas mantido em sigilo, com uma nova recomendação contrária à exploração da Foz do Amazonas.
Segundo os executivos da Petrobras, não consta nada de novo no processo e a companhia não tem detalhes sobre o parecer. “Nem o Ibama tem [o parecer técnico]. É alguma coisa que surgiu na mídia, não sei com que intenção, mas nós procuramos saber e isso sequer consta no sistema do Ibama”, disse Chambriard.
“A área, vamos dizer assim, responsável é a diretoria de licenciamento. Então, a gente não sabe o que está nesse posicionamento técnico, até porque ele não está no sistema (…) Estamos confiantes de que nós estamos atendendo integralmente os manuais do Ibama”, completou a diretora Clarice Coppetti.
De fato, não há nenhuma nova movimentação no processo, ao menos nos documentos que são publicados pelo Ibama.
Em outubro de 2024, analistas ambientais do órgão voltaram a recomendar o arquivamento do licenciamento.
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, rejeitou a recomendação, mantendo a discussão de pé. A Petrobras decidiu construir uma base de resposta a eventuais incidentes no Oiapoque (AP), mais próxima da área de exploração no Amapá, e fez um pedido de reconsideração.
De lá para cá, o presidente Lula assumiu a fritura de Rodrigo Agostinho, chegando a afirmar que o órgão atua contra o governo.
FONTE: EIXOS
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